quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pratos caseiros? aqui não, só há duas décadas atras!

  Leela James, cantora de musica R&B e Soul, lançou o seu primeiro album em 2005, com o nome A Change is Gona Come  (título este que me leva a crer que se referia claramente ao estado contemporâneo em que a musica se encontrava, e ainda se encontra) no qual consta uma musica interessantíssima, cujo título é "Music".

  Dedicarei este primeiro post do blog Nihil Fretum a esta Musica, e a exposição da minha opinião sobre a mesma, e os assuntos nela referidos!

  Leela James é para mim, uma cantora querida, dado que me lembro de, na dita altura em que de tudo ouvimos sem nos preocupar com a qualidade, eu ouvia esta excelente cantora, e apreciava bastante a sonoridade da sua Arte.
  "Music" foi precisamente a primeira musica de Leela James que ouvi, e por isso sempre teve um lugar muito especial no meu "top 5 Leela James best songs", e mesmo na musica Soul/R&B em geral, esta musica e cantora sempre foram um ponto de referencia muito especial.

  Como o título indica, esta musica trata o tema mais peculiar de todos os temas que podem ser tratados através desta arte...ela mesma!

  Um assunto bastante peculiar referido por Leela James nesta obra, é o facto de a musica hoje se apoiar bastante no vídeo e na imagem para atingir algum sucesso, em vez de ser feita para que a sua sonoridade seja agradável e de qualidade, compatível também com a realidade (e com isto quero dizer com a versão live).

  Musica " é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio seguindo uma pré-organização ao longo do tempo". ou deveria de o ser.

"Where'd the soul go? 
It's all about the video"

  Infelizmente é um facto, a musica de hoje, como costumo referir, está a ser feita para olhos, não para ouvidos, e daí surgem as constantes discussões que presenciamos em redes sociais, sobre o facto de musica x ou y, ser ou não boa. De facto, o que presenciamos é não mais do que, mais uma vez saliento na minha opinião, uma discussão entre quem aprecia Musica, e quem aprecia Imagem.
  Estas duas artes ja foram outrora, conjugadas de forma correcta, cada uma tendo a sua importância, e nenhuma delas roubando qualquer mérito a outra, tendo as duas espaço para coexistirem sem se corromperem. No entanto hoje escassa é a vez que tenho o prazer de presenciar esses casos, pois quando vejo uma boa imagem, nada mais que imagem o é, e quando ouço boa musica, é musica que longe não vai, pois a imagem é algo tão ténue que se da como ausente, e os "ouvintes"
, sem qualquer tipo de direito, começaram a transformar duas artes coexistentes numa só, não permitindo a verdadeira musica chegar aos "tops", dando assim prioridade a tudo quanto é visual.

  Outro dos temas tratados nesta musica (Music by Leela James), é o facto de haver ausência de "Soul" (não me atrevo a traduzir esta palavra pois não há uma tradução 100% correcta na nossa língua, dizer "Alma" seria um crime, e um erro tremendo). "Antigamente", a musica tratava da realidade, dos problemas, isto para que os ouvintes se pudessem identificar de forma real e não fantasiosa, com os temas tratados nas musicas, pois quem as cantava não era mais que um ser humano, com exactamente os mesmos problemas, dotado de algo especial (a voz), mas não mais que isso era, e havia a preocupação de transmitir isso ao ouvinte, algo que hoje não existe.
  Os temas tratados hoje (por parte dos artistas), são repetitivos, na minha opinião sem qualquer sentido, nem qualquer ponto possível de relação por parte do ouvinte com a letra em questão, levando isto a ilusão de que o cantor é quase como um Deus ou Religião, na qual podemos confiar de forma cega. De verdade, são os mesmos bichinhos da terra, frágeis e indefesos como nós ouvintes, aquilo que eles têm para além de nós, é provavelmente algum dinheiro, e uns quantos guarda costas e paparazzis atrás.
  Com isto quero dizer, que quando consumo musica de hoje, eu sinto que essa musica, me sabe a plástico, e não é real.

  É desta forma que interpreto "Music".
  Metáfora: A musica deixou de ser o bife com batatas fritas caseiro, para passar a ser o hambúrguer com batatas fritas do McDonalds...

Victor Gomes

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