quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Marley's Offspring

Stephen Marley.
  É inevitável que existam pessoas que ao lerem este nome ficarão convencidos de que, visto que se trata do filho de uma "lenda" (entre aspas porque muitos se referem a Ele como sendo uma lenda, embora nem conheçam bem a sua Obra, mas mais porque fumava uns charros), é quase obrigatório ouvirem o que canta. "Tem a voz igual, a mesma rouquidão!" ouvi uns dizerem.  É, também, quase certo que muita gente ouça uma ou duas músicas de Stephen e se considere automaticamente fã, só porque é "bacano" gostarem do filho do Rei.

  A questão é que tem sido difícil para Stephen afirmar-se como sendo mais que um Marley, pois continua sendo considerado como que uma cópia do pai. Igual voz, arranjos musicais parecidos. Mas não. A meu ver, Stephen é muito diferente de Bob: é claro que é impossível negar que herdou as mesmas características vocais, e que, tendo crescido a ouvi-lo, tenha seguido o mesmo caminho que o pai. Ou seja, enveredou pelo Reggae.

  Mas Raggamuffin, como é apelidado, tem-se batido para se afirmar como sendo algo simultaneamente parecido mas também distinto do que o seu pai era. Quer ser reconhecido como um cantor que acrescentou algo mais à música, por isso tem participado em colaborações com nomes do Hip Hop norte-americano e jamaicano, como é o caso de Nas, Mos Def, Snoop Dogg, Buju Banton e o seu irmão Damian Marley. Porém, também mantém o registo Reggae, colaborando com nomes como Yami Bolo ou Sizzla.

  Stephen é um milagre musical, e não o digo por ser filho de quem é, mas sim pela sua versatilidade artística; é magnífico em Acústico, fenomenal em Reggae, ritmado em Hip Hop e sublime no que toca ao conteúdo das suas canções (da sua autoria). É mais que uma simples voz rouca, merece o crédito que tem (ainda que o considere um artista pouco valorizado) e creio que quem o critica com expressões como "é monótono" ou "não mais do mesmo" devia sinceramente escutar com mais atenção a sua obra. As palavras de canções como "Mind Control" são, ainda que simples, sábias e concretas, dotando a canção de uma identidade reveladora da sociedade em que vivemos; opressora e controladora. Nada de mais real, explicado curta e eficazmente. Tal como Bob, Stephen tem preocupações com o tipo de vida das pessoas do 3º Mundo, os regimes políticos, os problemas causados pela "Babilónia" (EUA) e deseja que todos encontrem o caminho para Zion (uma terra de paz, humildade, companheirismo e sem lugar para ódios ou ganância), porém é também capaz de criar músicas de tema não-intervencionista, mas conotados pelo amor, amizade ou sedução. Daí a sua versatilidade.

                                                                                                                                                                                             Lee

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